21 de ago. de 2011

Welcome to my life

   Vez ou outra tento me definir, e como sempre, chego à conclusão de que sou um quadro. Não mais quadro vazio, tampouco repleto de cores. Sou um quadro incompleto, em fase de descoberta. Seu pintor ainda não sabe ao certo o que formarei. Ora sou cubismo, ora impressionista. Amanheço natureza morta, durmo natureza viva. Pinceladas calmas formam meus sonhos. Já as bruscas, meu desapego.
    Quando triste, meu pintor desenha-me riscos de cores escuras, vazias, infinitas em sua linha mórbida. Em dias felizes, faz-me meia lua lembrando um sorriso, com cores iguais as das minhas luzes. Luzes sou repleta de luzes. Por vezes, quase apagada. Por vezes, quase aqueles que me enxergam. Quase ninguém me observa, e aqueles que o fazem, não entendem, não vêem beleza de minhas inconstantes cores.
    Afinal, qual é a graça de incompleta pintura? Que beleza existe em quadro sem rumo, sem gênero, sem dono?
   Sinto inveja de Monalisa, parando para pensar sobre o assunto. Depois de anos, ela continua admirada, mesmo com seu olhar de desdém e seu incógnito sorriso. Pergunto-me em que ela pensara enquanto fora pintada, em seus medos e anseios - se lhe doía a espera de ser terminada, como dói a minha. Deito todas as noites pedindo para ser como ela. Oh, doce Monalisa. Não sei como serei após a pincelada final, mas se pudesse fazer pedido, seria para ser mistura de mulher doce e misteriosa. 
   Em minhas últimas pinceladas antes de sonhar, penso em Monalisa. Sim, serei não igual, mas semelhante. Serei autêntica. Serei quase-Monalisa.
Texto do tumblr Boa Noite Cinderela

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